quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Indústria das formaturas

Conversa registrada no final de semana, em uma festa de aniversário:

- Ano que vem tem a formatura dos nossos filhos. Parece que vai ser legal...
- Vai ter festa?
- Claro. Vão inclusive alugar salão no Hotel Maria do Mar. Vai ser chique!
- E quem vai pagar?!
- Somos nós! Em vezes, eu espero.

Detalhe: a formatura em questão não era de universitários nem de estudantes concluindo o ensino médio, e sim de crianças de seis anos de idade, concluindo o ensino infantil!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Coração e futebol

Confesso que o começo foi bastante tenso para mim. Depois de muito esperar, decidimos colocar o pequeno numa escolinha de futebol, coisa que ele vinha pedindo há algum tempo. Achamos um único local que ficava perto de casa e tinha horários compatíveis com nossa rotina. O preço era amigável. Enfim, tudo certo, se não fosse um detalhe: os alunos deveriam ter entre 6 e 15 anos, e o nosso “craque” mal havia completado cinco. Eu, mãe, não queria. Ele, pai, tanto insistiu que acabou levando.

O primeiro dia de aula confirmou minhas suspeitas: o Gabriel era no mínimo uma cabeça menor que todos os demais jogadores. Pior: dois deles já estavam no limite final de idade, e mais pareciam adultos no meio da criançada. Coração apertado, assisti ao treino colada na grade do campo, pronta para invadir ao menor sinal de jogada perigosa.

Qual não foi minha surpresa ao ver, no final da aula, que nada de grave tinha acontecido. Pelo contrário: nosso moleque acabou se transformando numa espécie de “mascote” do time, recebendo elogios a cada passe bom que seus cinco anos permitiam fazer. Resultado: está adorando sua rotina de jogador. Já eu, passadas algumas semanas, me conformei com esse amor masculino pelo futebol. Nem fico mais colada na grade. Só o coração permanece meio acelerado, como se estivesse numa final de campeonato.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Meu neném cresceu

– Mãe, o que é isso aqui no armário?! Eu não uso mais mamadeira! Vou jogar no lixo.
– ...

Fugindo da gripe

Em pleno auge da Gripe A, há algumas semanas, gente morrendo ou ficando mal no hospital, uma mãe animada mas pouco zelosa resolveu convidar todos os coleguinhas de seu filho para uma festinha de aniversário num buffet infantil. Para quem não sabe esses locais, considerados pelos pequenos o Paraíso na Terra, são também o Éden da Transmissão de Gripes e afins. Não há janelas e portas abertas, é impossível limpar com álcool os milhares de brinquedos, e mais ainda catar as crianças para lavar as mãos ou limpar o nariz.
Resumindo, eu e o maridão avaliamos prós e contras e concluímos que seria melhor nosso filho ficar em casa. Coube a mim transmitir a decisão ao moleque.
A reação veio em lágrimas – muitas – e numa sentença:
– Hoje é o pior dia de toda a minha vida!!
Admito que em uma “longa” vida de cinco anos esse deve ter sido o pior dia mesmo. O desconsolo foi ampliado com a constatação de que as outras mães, na maioria, estavam sendo tão zelosas quanto a do aniversariante.
Não houve argumentação nem compensação que tirasse o inconformismo do meu filho, mas batemos pé e não cedemos. A festa passou, ele me olhava brabo a cada vez que encontrávamos o colega na escola, e ficou tenso quando recebeu, há pouco, convite para outra festinha em um Paraíso Infantil.
Dessa vez, já não tão apavorados com a Gripe e comovidos com olhares suplicantes do Gabriel, liberamos.