quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Livros e barcas

Lá em casa sempre fomos apreciadores das letras. Assinamos três jornais diários e duas revistas. Temos estantes com muitos livros, de temas tão variados quanto variados são os interesses das diferentes pessoas que lá habitam. Guardamos, pelo menos durante algumas horas, todos os impressos que nos são oferecidos nas ruas, restaurantes, farmácias, lojas. Até temos jogos de montar palavras.

Claro que tudo isso nunca foi garantia de que o nosso rebento, quando idade para isso tivesse, seria um adepto da leitura. Mas seus cinco anos de vida já apontam para uma certeza: sim, ele ama os livros.

Toda noite, antes de dormir, leio para o Gabriel. Ficamos deitados, juntinhos, absorvendo histórias, palavras, personagens, ilustrações. Reparamos em detalhes interessantes, rimos de situações engraçadas, sofremos com rumos complicados. Quando o livro é muito comprido, ou estou muito cansada, interrompo na metade, com a promessa de continuar no dia seguinte. Ele não gosta, mas aceita. O que ele não aceita, de jeito nenhum, é dormir sem ler. Nem que seja só um pouquinho. Até fica com lágrimas nos olhos. E eu, claro, cedo, louca para ver seu rostinho compenetrado, os ouvidos atentos ao som de novas histórias.

Obviamente uma rotina de tanta leitura exige uma boa variedade na oferta de livros. Crianças até gostam de repetir histórias, reler até entender os detalhes, ou até saber o texto de cor, como se elas mesmas estivessem lendo. Mas tudo tem um limite, e a linha para a chateação fica logo ali, depois da décima letra z.

Por isso quando descobrimos, na Lagoa da Conceição, a Biblioteca Barca dos Livros, ficamos exultantes. Fãs. Melhor: verdadeiros fãs de carteirinha. Sábado sim, sábado não, estamos lá. Lendo e pegando livros emprestados. Alguns são tão legais que relemos várias vezes. Outros me surpreendem. Nunca imaginei, por exemplo, que o Gabriel passaria a se interessar pelos Beatles após ler “Yellow Submarine”, com uma história absurda e tresloucada sobre o famoso quarteto, cheia de luvas voadoras, cães de quatro cabeças e homens azuis. Relemos o livro tantas vezes que até passou a fazer sentido: tudo o que precisamos é de amor! Melhor ainda se ele vier entre as páginas de algum livro...

Nenhum comentário: